sexta-feira, 25 de junho de 2010

sem espremer diante do espelho

Li uma crônica do Mario Prata sobre a envelhescência. Vale a leitura: http://www.marioprataonline.com.br/obra/cronicas/voce_e_um_envelhescente.htm

Resumindo, a envelhescência é a idade em que o cabelo da gente (homens) cai ou já caiu todo. Exame de próstata. Viagra. Espinhas na bunda. Conversas longas e lentas. Saudosismo sobre quase tudo etc..

Me diverti tanto com esta crônica que dividi com um amigo que é redator. No final da leitura o cara me diz:

_É, que merda. Em alguns anos vamos ter espinhas na bunda!

Imagino-me um envelhescente entre meus 45 e 65 anos indo a uma dermatologista. Acho que todas as médicas gatas do mundo são dermato. Cuidado com a interpretação. Isto não significa que todas as médicas especializadas em pele são gatas. Entendeu? É assim: eu nunca ouvi falar em uma doutora lindíssima que fosse urologista. Seria um sucesso entre os candidatos à terceira idade. Teria fila indiana quilométrica de aposentados pra fazer o exame do toque. Bem maior que a da Previdência Social. Mas se há uma urologista viva ela deve ser feia. E se não é, pense nisso: ela já pegou mais em pênis alheio que a Dercy Gonçalves antes de morrer. Ou Luciana Gimenez antes dos 30.
Mas voltando ao assunto, o eu coroa (porque nesta idade eu já não serei mais chamado de tiozão) chega ao consultório da dermatologista. Ela, toda arrumadinha do outro lado da mesa, me pergunta com uma voz doce e com hálito de trident azul bebê:
_Então, o que lhe traz aqui?
Meio constrangido, respondo:_Espinhas. Acne.
Ela olha pra minha cara por alguns instantes...
_Não vejo muitas espinhas no seu rosto.
Aí eu tenho que explicar a situação. Conto pra ela que, na verdade, as espinhas não estão no meu rosto, mas nas minhas nádegas. E pior, tenho que mostrar minha bunda empipocada e muito provavelmente murcha também pra aquela doutorinha (sei que o diminutivo correto é doutorazinha, mas é que soa muito estranho) de seus vinte e poucos anos. Neste exato momento tenho certeza que meu eu envelhescente vai se dar conta de uma coisa: entrei de cabeça, ou de bunda mesmo, na terceira idade.

Imagine se a bunda espinhenta fosse também peluda? Tadinha da dermato do Tony Ramos.

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A crônica já acabou. Eu só queria deixar claro que ainda tenho 28, não tenho espinhas na bunda e não faço fila em urologista ou no INPS. Daqui a pouco, meu bem. Daqui a pouco.