sexta-feira, 30 de outubro de 2009

trinta de outubro

queria um dia só pra mim
pra infernizar vizinhos com o cheiro do pirimpimpim
ficar feliz. cantar. dançar. beber. tocar. tanto faz: assado ou assim

pra falar a verdade. nada além da verdade
não ter receio de receber um balde de água fria
e interromper minha melodia egoísta

uma manhã de sol pra caminhar na areia
uma tarde em vão pescando sereias
uma noite entre lençóis. a sós com a vida alheia

sem caridade. bondade ou maldade.
sem cobrança. crença. na indiferença.
um dia inteiro assim. só pra mim.

sem rima e tolerância

no lugar da poesia uma indignação
sobre toda uma gente. burra. estúpida. grotesca. violenta.
de tão prepotente e corrupta chega a ser nojenta.
composta de personagens que torcemos ver cair no final de filmes.
vilões. maus. montros. ninjas vestidos de preto.
políticos. estragam uma cidade que se dizia maravilhosa.

corrompem a vida dos fracos.
fomentam a gana dos ricos.
iludem os sem esperança.
prometem para os que não cobram. ou que não sabem como cobrar.

vamos ver o saldo de suas contas bancárias?
e o extrato dos nossos impostos?
o quanto foi gasto em festas e cocotas?
e o quanto foi investido no povo, em obras (aqui eu desconsidero os 'elefantes brancos')?

uma trama de bons personagens interpretando vilões.
mas com um diálogo incomparável a tarantino.
só o sangue em demasia de todos os dias.
que escorre pelas páginas dos jornais e telas de tv.
ou dos nossos próprios filhos, amigos. que escorre de nós mesmos.
quisera voltar no tempo que este povo sorria.
que éramos a capital do país.
que se cumpria o que se prometia. verdade isso seria?
com 28 anos nunca ouvi dizer que políticos de antigamente valiam alguma coisa.
mas posso afirmar que nestes mesmos anos ouvi dizer que existe um ou outro que se safa.
como saci pererê, curupira, papel noel e coelho da páscoa. tem gente que acredita. mas niguém nunca viu.
só em filme. em propaganda. e em época de eleição. claro.

um texto que não rima as palavras.
mas coincide com minha revolta. que espero ser também a de muitos outros.

chega!

domingo, 11 de outubro de 2009

de branco e de verde

sempre tive medo destas coisas. mas resolvi assistir a peça.
cheia de personagens e figurinos. danças, cantos, tambores e sinos.

uma experiência de outro mundo.
no mínimo, um novo assunto para uma conversa de bar.

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vi oxum. ogum. oxalá.
vi cigana sorrir e pomba girar.
ouvi música que vem lá de aruanda.
batendo forte o tambor da umbanda.

vi preto velho beber.
e malandro fumar.
vi moça rodar.
pai de santo falar.

não entendi tudo pois não ensinaram.
mas de jesus sei que falavam.
por outros nomes também chamaram.
difíceis agora pra me lembrar.

xangô da pedreira. inhasã da mata.
caboclo disso. caboclo daquilo.
quando desciam abriam um sorriso.
muito intenso. muito bonito.

o ritmo marcante. o coral empolgante.
deram a sessão por encerrar.
o silêncio voltou. a cantoria cessou.
pra muitos, hora de regressar.