terça-feira, 1 de março de 2011

eu era criança e você já era você

lembro como se fosse hoje

sua casa com cheiro de pão fresco e fruta madura

dos acampamentos de cobertor e da rede que virava navio no sótão
retratos, esculturas, tintas, panos, trapos, quadros, pincéis, desenhos e retratos. perfumando, colorindo e desarrumando tudo a nossa volta

dos cipós e das pontes suspensas. das estradas de barro, de mato e de pedra. nossa coleção de aventuras

da areia branca, da água salgada, do picolé de coco e da duna gigante. subíamos sem fôlego e descíamos às gargalhadas.

dele. quem me ensinou pegar jacaré, tocar gaita e desenhar. e no dia que ele se foi e você chorou, eu não soube te consolar.

de você ganhava sempre pijama, brinquedo, pastel e manga. mas o que guardo comigo, que me deu de herança, é não ter tempo pra ver o tempo passar.

você fez meu pai só pra um dia ser minha avô. eu amo isso. amo você, minha avó.