terça-feira, 25 de outubro de 2011

...

o segredo não é evitar o tombo
mas aprender a rimar depois da queda

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

quem sabe

fica mais que ainda é de manhã
quero ver o sol batendo dentro dos seus olhos
acender a cor da minha inspiração
vou te dar bom dia e te servir café na cama
e ficaremos lá até o sol subir bem alto

fica que ainda é depois do almoço
quero te levar pra passear de mãos dadas
mostrar pro mundo como você sorri
vamos contagiar as pessoas com nossa alegria
e inspirar um beijo de um casal qualquer

fica que o sol já vai se pôr
quero perceber o laranja contrastando com o azul de antes
abraçar você e te proteger do frio
planejar um novo pôr do sol em algum outro lugar
pra somar à nossa coleção de aventuras

fica que já é hora de deitar
quero acariciar seu corpo e mais uma vez me apaixonar
admirar sua existência e conversar sobre o amanhã
fazer amor até a lua ceder sua vez
do seu lado ver um novo dia nascer

Adaptação

Um dia
E neste sonho que ele sonhava ele era feliz. Não sabia exatamente de onde vinha esta felicidade, mas sabia o que sentia. Uma certa leveza. A completa despreocupação de tudo e aproveitava cada instante e cada detalhe como se simplesmente respirar fosse o maior dos prazeres na Terra. Tudo lhe fazia bem.
Ao despertar ele não lembrou de nada. E ao abrir os olhos a primeira coisa que fez foi alcançar o Black Berry, já com a luz vermelha a piscar indicando email ainda não lido. Entre se vestir para ir pro trabalho e mastigar algo para o desjejum ele balbuciou algumas poucas palavras de fé em forma de oração. Escovou os dentes, arrumou o cabelo, passou perfume e saiu de casa.

Um tempo depois
A mesma rotina corrida e as mesmas preocupações. O que mudava era a saudade, que cada vez mais apertava mais no peito e ele sentia ainda mais forte. Mas neste dia, ao abrir os olhos ele não procurou o celular. Ao contrário, ele cerrou os olhos de novo e tentou meditar antes de se levantar. Desta vez não apenas balbuciou algumas palavras, mas evocou seu coração para conversar com Deus. Resultado talvez de um momento de desespero. Onde todas as esperanças já o haviam abandonado e ele se encontrava perdido e sem uma grande razão pra viver. Ele cerrou os olhos e abriu a alma. E a partir deste dia ele passou a viver o seu próprio sonho.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O amanhã será melhor

Ele estava sonhando um destes sonhos que a gente não se lembra quando acorda quando uma mão pequenina tocou a sua e o despertou. Não assustado, mas surpreso, abriu os olhos. Aos poucos focalizou um menininho com um sorriso assimetricamente banguela, faltando 2 dentes na parte de cima e 1 na parte de baixo. Olhos sujos de remela e cabelos desgrenhados. Porém era uma das coisas mais lindas de se ver. Pai, hoje é sábado. Vamos passear? Olhou para o lado e sua mulher estava ainda dormindo profundamente, com o rosto mergulhado no travesseiro. Arrumou delicadamente seus cabelos, lhe beijou o ombro e levantou.

Sob o sol nada tímido das 9h30 da manhã do Rio de Janeiro ele suava. Havia comprado, mesmo sobre a não aprovação dos avós, um skate para o pequenino. Eles passeavam juntos, deslizando sobre a via à beira do mar. Foram do Leblon ao Arpoador. Chegando lá colocaram suas coisas sobre as pedras e mergulharam. Nadaram e se divertiram por mais de 15 minutos. Pronto pra andar mais? No caminho de volta passaram na Maria Quitéria para um sorvete. De lá Foram para a Lagoa e deram uma volta quase completa até chegar no bowl, perto do clube Caiçaras. Arriscaram algumas descidas e uma ou outra manobra bem simples.

O relógio de rua já marcava 10 minutos para o meio dia e eles já estavam exaustos. Tomaram uma água de coco para hidratar e seguiram para a praia novamente. Vamos para o Henrique? Sua mãe já deve estar lá esperando por nós. Ela teria se juntado à eles no passeio de skate. Provavelmente montada na bicicleta pois o skate não era o seu predileto. Mas estava grávida de 5 meses. Uma menina. O segundo filho do casal. Os dois chegaram na praia e como sempre foram muito bem recebidos pelos amigos. Sua mulher está logo ali naquela sombrinha e já tem cadeiras pra vocês dois. Posso levar um coco pra cada um ou hoje vai ser o Guaraviton?

Eles estavam de mãos dadas e conversavam sobre a vida. Não esbanjavam dinheiro, mas tinham uma vida bem confortável. Planejavam o quarto da pequena. Moravam em um bom apartamento no Leblon, que ela conseguiu negociar por um ótimo preço. Viviam de aluguel, esperando passar o efeito Copa de Mundo e Olimpíadas que levou o preço dos imóveis lá nas alturas em toda a Zona Sul do Rio. Depois o plano era financiar uma casa na Gávea ou na Urca. Mas para isso precisariam economizar um pouco. Eles dividiram o jornal e enquanto ela lia o caderno Economia ele lia o Segundo Caderno. Faziam manobras pra virar as páginas, pois continuavam de mãos dadas. Enquanto isso o pequeno pegava ondas no raso com sua bodyboard. Nem se lembrava o quanto já havia andado de skate naquela manhã.

Quase 3 horas depois eles estavam entrando no carro. Forraram os assentos com toalhas por causa das roupas molhadas. No rádio Qinho assoviava uma canção de amor, cheia de poesia. Onde vocês querem almoçar hoje? Sua mulher disse que seria bom comer uma salada e uma quiche, mas o menino insistiu em ir no Mc Donalds. Por mais que os dois tentassem educar a alimentação do menino os amiguinhos da escola viviam falando sobre todas as franquias de fast food do mundo. Era difícil negar sempre, pois o menino não queria saber o que era colesterol, não se importava em comer gordura e simplesmente adorava Coca-Cola. A saída foi dizer que a irmãzinha que estava dentro da barriga da mãe precisava de algo saudável.

Quando chegaram em casa já estava ficando escuro. Ele foi dar uma ducha no menino enquanto ela entrava no banho em um outro banheiro. Após o banho o filho foi pro quarto e disse pro pai que queria desenhar um pouco. Tudo bem, eu vou tomar um banho e ficar um pouco com a sua mãe. Logo mais eu volto e vamos criar uma história juntos, o que acha? O garoto disse que tinha que ser uma história sobre leões, mas logo depois que disse isso adormeceu sobre os papéis e lápis de cor. Ele foi pro quarto e ela ainda estava no banho. Ele se juntou à ela e ficou admirando seu corpo grávido. Magra, porém com a barriga imposta para frente e os seios inchados. Linda, ele disse. Ela deu um sorriso como o do menino, espontâneo, mas que contava tudo. Ele entrou no banho junto dela e eles fizeram amor. Ele disse, eu te amo. Ela respondeu, eu também.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mais um dia

A tarde parece ter consumido a manhã. Chegou com pressa e levou o sol lá pra baixo fazendo cair a temperatura. O tempo todo do pouco tempo em que ele esteve acordado e ciente de si mesmo, ele pensava nela. E cada vez que lembrava dos seus beijos, do seu corpo e do sexo ele sentia uma porrada no estômago. Fazia o ar desaparecer e seu coração bater forte, mas tão forte que dava para sentir os batimentos cardíacos no seu pescoço, latejando sua memória, a mágoa... Evocando uma tristeza profunda e cheia de saudade.
Ela desistiu. Mesmo dizendo o amar ela desistiu. Ele sabia que seria difícil, mas nunca acreditou ser impossível. Fora ele tolo em acreditar que era amor? Em sua cabeça de vento ele pensava que seria para sempre. Da mesma forma que seu pai e sua mãe jamais deixariam de ser seus pais porque ele se mudou pra longe por um tempo. Ele pensou que a mulher de sua vida não deixaria de ser sua namorada pelo mesmo motivo. Isso é amor, ele pensava... isso sim é amor. Ele teria esperado uma vida inteira por ela e teria ido até o inferno se fosse preciso pra ficar junto dela um pouco, antes de regressar ao paraíso. Mas não foi assim que ela reagiu. Não se pode julgar os limites de ninguém.
A tarde cedeu a vez para a noite e ele de novo, nem percebeu. Esqueceu-se de tomar café e de almoçar também. Já se passaram 3 semanas quase que ele não tem qualquer notícia dela e faz mais de 2 meses que está longe. Ele perdeu 6kg, tem olheiras profundas e apesar de não ver o tempo passar, ele não dorme. Tem insônia. Mesmo com remédios tarja preta importados do Brasil... A situação está preta pra ele... Ou não? Dentro dele ainda há a fé. Apesar de ser hoje uma tímida lamparina no meio do breu ele ainda crê que algo bom lhe está aguardando. Ainda crê em Deus e em toda sua cavalaria de santos, anjos e espíritos. Qualquer forma de fé é válida, ele diz para os outros. Dentro de suas breves preces ele agradece pelos que jamais o abandonarão e convoca sua falange de luz. Pede proteção pra si próprio, pra família e também pra ela. Que ela encontre o seu caminho e que este caminho seja de muita alegria. Que ela possa nunca ter que enfrentar a solidão e que toda a tristeza que venha a acontecer na sua vida seja breve e passageira.