segunda-feira, 31 de agosto de 2009

8 pra baixo

Após um copo de água gelada e uma doce tragada.
De uma volta com o cachorro.
Ela se sentou.

Pensou em narrar sua história, mas não viu glória.
Não encontrou nada para contar.

Uma vida sem luxos, sem crimes, sem sustos.
Sem o gosto terroso da aventura.
Não há nada para contar.

Cansada daquilo juntou suas tralhas.
Sem destino ou mapas e pôs se a viajar.
Passeou sobre os pais e sobre a infância.
Pra encontrar algo para mudar.

Se viu de castigo e também com abrigo.
Se viu vindo. E indo. E rápido sem parar.
Como pude? Tanto azedume! Aumenta o volume!
Traz isso! Aquilo! Arruma! Cozinha! Faxina! Leva o garoto pra passear...

E agora sem volta diante da história sem nada para contar.
Como mudo? Que faço ou chuto pra minha vida pôr no lugar?
E mais uma vez se pôs a pensar.

Já se foram anos. E épocas. Guerras e tréguas.
Olhando agora. Eu. Sem rumo. Eu bebo. Eu transo e eu fumo.
E não há nada que tenha existido sem a velha ter insistido.
Ou que tivesse escolhido por mim mesma.

Que saco! Que droga! Que nojo!
Eu me adio. Pelo novo. E de novo. E sem medos ou calafrios.
Sem mais perguntas. Eu me despeço. Eu não me culpo. Não fui eu! Eu juro!
E se atira no precipício do 8º andar.

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