sexta-feira, 28 de agosto de 2009

casa velha

às vezes me falha a rima e as palavras não combinam como arroz e feijão
no prato fundo que requentou pra ver tv
pra depois sentar no sofá e conversar sobre o que quero que seja

às vezes falta me falta a grandeza de saber que gente grande não tem
de tudo que se vê, que se olha, que se compra, que se toca
é aquilo que se é, mas sem nada que se tem

conto que a vida é assim corrida e sem espaço pra viver além dos dias
aprendo que o amanhã chegou e que o ontem, por hoje, já se foi
que a cama desfeita numa manhã de terça e uma briga corriqueira não voltam a acontecer

te cuida e te faz ser o que se é até o dia do abandono do sempre igual pro nunca visto antes
pra abrir uma nova porta e pra desarrumar uma outra cama sem cheiro de sol e de sabão em pó
sem repetidas cobranças ou repentinas danças martela apenas a lembrança de se ter sobrado

voltaria a viver não só. pra te ver e te abraçar e te lembrar em outros dias
reclamaria a distância da liberdade de uma vaidade que te fez sair assim
sentaria de novo no canto da velha mesa com aquela xícara laranja e um prato de talharim

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